segunda-feira, 3 de março de 2008

Mulheres em círculos

É fato, mulheres do mundo todo estão se reunindo com o propósito de recuperar o aspecto feminino da vida que precisa ser reintegrado num mundo onde o neoliberalismo patriarcal vem nos conduzindo às guerras e à destruição da natureza.

Entre outros “sonhos pragmáticos”, temos como propósito recuperar os rituais que celebram as festas da terra e da família humana, despertando a espiritualidade feminina com todo o seu poder e sabedoria, o princípio da criação.

Nós reunimos em círculos porque dessa forma podemos integrar o ying e o yang, lembrando que todo relacionamento importante é um universo de dois, portanto duas pessoas já podem formar um círculo.

Abaixo, transcrevo um trecho da introdução que May East escreveu para o livro O Milionésimo Círculo, de Jean Shinoda Bolen:

Círculos são para nós, mulheres, que ao abrir um espaço na cultura ocidental de orientação masculina nos distanciamos do nosso saber feminino e nos moldamos na forma firme, rígida, pró-ativa, linear, racional e competitiva do mundo masculino. Nos círculos integramos a força assertiva do yang com o coração compassivo do yin no vale das possibilidades femininas. Renovamos nosso espírito e celebramos o poder da mulher que, enraizada em seus mistérios, sana sem mais demora as feridas da terra, promove a igualdade entre os povos e a paz através da cultura.
Através das eras civilizatórias, Vênus foi sempre reverenciada como a estrela da Mãe do Mundo, o planeta da beleza e da harmonia. Em 1924 a Estrela da Manhã, por um curto período de tempo, se aproximou de forma inesperada de nosso planeta. Helena Roerich, mística russa, escrevia em 1935 que esta aproximação da estrela da Mãe do Mundo marcava a re-emergência do Princípio Feminino da consciência da humanidade. Seus raios que nos alcançam criaram combinações novas, poderosas e sagradas, precipitando grandes resultados. Muitos movimentos feministas nasceram e foram reacesos sob a influência desses raios venusianos.
O movimento das mulheres emergiu no século que passou através de duas vertentes principais, cujo ímpeto propiciou uma significativa mudança na consciência feminina.
Uma vertente, o feminino político, inspirado pelo insight crucial de que o feminino pessoal é político. O yang do yin! A outra vertente, da espiritualidade feminina, yin do yin, que invoca o retorno da Deusa e reconecta a mulher moderna com a herança dos mistérios sagrados feminino.
Ao longo das últimas décadas estas duas vertentes fluíram de uma forma independente, às vezes polarizada. Mulheres politicamente ativas, ativistas, muitas vezes considerando qualquer movimento relacionado à espiritualidade e a jornada da essência feminina como indulgência narcisista, na condição de mulheres em busca de sua jornada interna, muitas vezes sem disposição e coragem para assumir responsabilidades pelo destino da humanidade.
Hoje as duas vertentes sentam em círculo, tecem, remendam, costuram o tecido da irmandade feminina. Mulheres politicamente ativas começam a se abrir para práticas da espiritualidade feminina. Estas práticas nutrem a alma das irmãs ativistas inspirando-as a novas formas de ser e atuar no mundo. Mulheres buscadoras de crescimento espiritual começam a ouvir o apelo de serviço planetário, dando poder e força ao aplicar sua sabedoria intuitiva na transformação social.
È um privilégio estar viva como mulher neste momento crucial de despertar. Você é parte desta re-emergência, eu também sou. Isto está acontecendo nos mais diversos contextos culturais. É um fenômeno global.


Pat, uma mulher circular...

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